segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

VIH - SIDA (3)

in Diário de Noticias, 8/12/2008

Cinco anos para vacina terapêutica

Sida. Luc Montagnier, que recebe na quarta- -feira o prémio Nobel da Medicina 2008, juntamente com Françoise Barré-Sinoussi, pela descoberta do vírus da sida, acredita que haverá vacina terapêutica em cinco anos
Luc Montagnier, o cientista francês que na próxima quarta-feira recebe o Prémio Nobel da Medicina, juntamente com Françoise Barré-Sinoussi, pela descoberta em 1983 do VIH, o vírus na origem da sida, prevê que dentro de "quatro a cinco anos" poderá estar disponível uma vacina terapêutica para esta doença, que já matou 25 milhões de pessoas em todo o mundo.

A estimativa foi avançada pelo laureado à AFP após um encontro com a imprensa em Estocolmo, inserida na semana de cerimónias que culmina, na quarta-feira, na entrega do prémio aos laureados. Hoje, Montagnier e os outros premiados proferem as suas conferências Nobel no Instituto Karolinska.

O cientista francês foi questionado sobre se a sua estimativa de cinco anos não será muito optimista, uma vez que todas as promessas de vacina para o HIV têm resultado em desilusão. Montagnier respondeu que uma vacina terapêutica "será mais fácil" do que uma vacina preventiva. E sublinhou: "Já temos dez anos de trabalho" nessa área. Uma vacina terapêutica permitirá aos seropositivos controlar a doença sem necessidade de medicamentos.

Apelidando a sida de "doença muito complexa", Montagnier explicou que os investigadores "continuam a tentar perceber porque razão o sistema imunitário entra em falência, e também qual é a natureza do reservatório do vírus".

Na conferência conjunta com Françoise Barré-Sinoussi, Montagnier disse ainda que, na impossibilidade de erradicação da doença, há que apostar nas "diversas vias para reduzir o contágio", nomeadamente através da educação e na prevenção de outras doenças, em particular nos países em desenvolvimento.

Em matéria de vacinas, a co-laureada Barré-Sinoussi notou por seu lado que é neste momento impossível dar uma estimativa para o desenvolvimento de uma vacina preventiva da sida. "Não sabemos. Temos que o re- conhecer e continuar a trabalhar", disse a investigadora francesa.

E se a ciência avança devagar, na frente de combate no terreno, sobretudo nos países em desenvolvimento, a possibilidade de um corte de 25% no fundo de luta contra a sida, tuberculose e malária (que assegura um quarto dos tratamentos da sida em todo o mundo) esteve ontem no centro das preocupações da 15.ª conferência internacional sobre a sida e doenças sexualmente transmissíveis, a decorrer em Dakar. "Esse corte seria desastroso", resumiu um responsável da saúde da Tanzânia.|

Sem comentários: