
Diagnosticada pela primeira vez em 1907 pelo neurologista Alois Alzheimer como uma perturbação rara, a Doença de Alzheimer (D.A.) é, actualmente, a causa mais comum de demência na 3ª idade. Trata-se de uma doença degenerativa do sistema nervoso central, cuja progressão varia de indivíduo para indivíduo, mas quase sempre na direcção da total dependência
A prevalência da D.A. nos países ocidentais é de cerca de 3% nas pessoas com idades acima dos 65 anos, enquanto que a partir dos 85 anos esta sobe para os 20 a 30% (em Portugal, a D.A. afecta cerca de 60 mil pessoas).
Origem
A etiologia da D.A. é desconhecida, contudo, existem algumas teorias que tentam explicar o seu aparecimento, desde as dos factores puramente externos (traumatismos cranianos, exposição a substâncias tóxicas, etc), até as teorias em torno dos factores internos (determinantes genéticos).
É difícil obter um diagnóstico precoce fidedigno, tendo-se apenas certeza após a autópsia. No entanto, o diagnóstico neurológico e o diagnóstico neuropsicológico, dão fortes orientações para a presença ou a ausência da doença.
Consideram-se 4 fases na evolução da D.A., que até à actualidade se consideram irreversíveis, embora tenham uma evolução lenta:
Falha de Memória: esta fase é caracterizada por perda de memória recente, mantendo-se intacta as memórias mais antigas. A frustação do desempenho, nesta fase, pode levar a pessoa a desenvolver sintomas ansiosos e depressivos, e que muitas vezes passam despercebidos junto da sua família e amigos;
Confusão: inicia-se o declínio da consciência alargada; acentuação das falhas de memória que provocam novos comportamentos, agora perceptíveis, nomeadamente perturbações na verbalização e seu ritmo, perturbações no desempenho das AVD´s e perturbações na orientação espacio-temporal, aumentando, nesta fase, as interferências da doença na vida sócio-afectiva e profissional do indivíduo;
Demência: a consciência nuclear entra agora em declíneo; a desorientação torna-se demasiado acentuada, podendo já não conhecer os familiares e os amigos, perder capacidades ao nível das actividades de vida diária e ter alucinações. Surgem problemas no controlo dos esfíncteres e na estabilidade do humor (ora está calmo, ora agressivo e inquieto);
Estado Vegetativo: perde toda a mobilidade, passando todo o tempo acamado, em mutismo e a soro, geralmente.
Actualmente não existe cura para esta doença, no entanto, existem processos que poderão retardar os efeitos e sintomas da doença (desde os métodos farmacológicos até aos não farmacológicos).
Farmacologia
Os medicamentos colinérgicos têm uma acção sintomática que permite melhorar o funcionamento cognitivo, tal como as perturbações psicocomportamentais. No entanto, quando estas se tornam graves, a utilização de psicotrópicos torna-se indispensável.
Exercício Físico
O exercício físico para além de melhorar a condição física do indivíduo, melhorando a qualidade de vida deste, tem consequências a níveis bioquímicos. Assim, ao se produzirem endorfinas devido ao exercício, os níveis superiores destas vão aumentar os níveis de Dopamina, que é um dos neurotransmissores em défice nesta doença. Sabe-se ainda que a produção de Dopamina afecta, positivamente, o funcionamento de determinadas regiões da zona frontal do cérebro.
Tratamentos Psicoterapêuticos
As técnicas psicoterapêuticas são de elevada importância, quer para o doente quer para a familia que o acompanha, de modo, a lidar melhor com as perdas graduais e a acentuar o leque de respostas adaptativas.
As técnicas de relaxação como o treino autógeno de Schultz ou a relaxação progressiva de Jacobson são adequadas no início da evolução, permitindo a diminuição dos sintomas de ansiedade e uma melhoria da percepção da imagem corporal do doente. Também a musicoterapia, permite reduzir a frequência e a gravidade das perturbações psicocomportamentais e diminuir o recurso a psicotrópicos.
A reeducação cognitiva trata-se de um de um método individual, cujoo objectivo é o de ensinar o doente a utilizar novas estratégias baseadas nas capacidades que ainda dispõe.
Através das técnicas de Estimulação Cognitiva Global poder-se-á reforçar os recursos cognitivos, afectivos e sociais. Estas técnicas baseiam-se em sessões de grupo/individual, em que se realizam em comum exercícios cognitivos, que pretendem que o indivíduo utilize as suas capacidades cognitivas intactas.
Enquanto não se desenvolve uma cura para a doença, é possível retardar a degradação através de técnicas da terapia ocupacional, englobando sessões de movimento e hidroterapia.
Ajuda à família
O apoio à família é fulcral a partir do momento em que é feito o diagnóstico. As ajudas poderão ser de índole social e financeira, e de apoio psicológico ao principal elemento de ajuda do meio familiar.
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