O colesterol alto não apresenta sintomas e só é possível saber em que níveis se encontra através de análises ao sangue. Faça-as já se tiver algum factor de risco: peso a mais, vida sedentária, stress ou se na sua família existirem antecedentes de colesterolemia.
Um colesterol alto que não é tratado pode causar um enfarte cardíaco ou cerebral (AVC), perda lenta de memória... Em contrapartida, se tiver o colesterol controlado reduz o risco de padecer de um problema cardíaco em cerca de 35% e se, para além disso, não fumar, em cerca de 65%.
O QUE É E PARA QUE SERVE
O colesterol é uma gordura – lípido – necessária ao organismo. É fabricado por ele mesmo ou é obtido através dos alimentos. Sem colesterol, não é possível viver, já que é um dos componentes básicos do sistema nervoso (o cérebro é puro colesterol) e das membranas celulares; participa na formação de algumas hormonas, da vitamina D e da bílis; e constitui a reserva energética do corpo, armazenada nas células gordas (adipócitos).
Tipos de colesterolemia
O colesterol é todo igual. No entanto, a sua missão e efeitos variam de acordo com a proteína a que se associe no sangue para conseguir circular, daí serem-lhe atribuídos vários nomes.
Lipoproteínas LDL (conhecidas como colesterol LDL ou mau colesterol). Transportam o colesterol aos tecidos e aumentam o risco coronário, se existirem em demasia. Ocorre porque o corpo produz demasiado colesterol ou porque o ingerimos através dos alimentos.
Lipoproteínas HDL (conhecidas como colesterol HDL ou bom colesterol). Recolhem das artérias o colesterol LDL que não foi utilizado e transportam-no ao fígado para que seja eliminado. Se não existir HDL suficiente, o colesterol LDL acumula-se e forma placas de ateroma (gordura pegajosa) que aderem às paredes das artérias obstruindo-as e endurecendo-as: é aquilo a que se chama de aterosclerose. Isto facilita a formação de coágulos e se a artéria ficar entupida dá origem a um enfarte cerebral ou do miocárdio, que pode chegar a ser mortal.
As gorduras do sangue - os lipídios - são compostos principalmente pelo Colesterol, o HDL Colesterol (chamado de o bom colesterol), o LDL Colesterol (chamado de o mau colesterol) e os Triglicerídios.
A Associação Médica Americana insiste em que os níveis de colesterol normais se situem abaixo de 200 mg % e que o HDL Colesterol esteja acima de 35 mg %.
A Tabela do Massachusetts General Hospital de Boston adota como níveis normais, para as diferentes idades, a tabela abaixo:
Colesterol total:
Menos de 29 anos abaixo de 200 mg %
de 30 até 39 anos abaixo de 225 mg %
de 40 até 49 anos abaixo de 245 mg %
acima de 50 anos abaixo de 265 mg %
Para o HDL Colesterol dão como valores normais:
Homens de 30 a 70 mg %
Mulheres de 30 a 90 mg %
Para o LDL Colesterol
homens e mulheres 50 a 190 mg %
Os riscos de doença cardiovascular relacionados aos índices dos níveis de Lipídios no sangue, formulados pela AAM Americana são:
Colesterol menor do que 200 mg % e HDL Colesterol maior do que 34 mg %.
Se não houver outros fatores de risco, a chance de doença cardiovascular é relativamente pequena. Essa pessoa deve repetir os exames a cada 5 anos e deverá seguir as recomendações para prevenir as doenças cardiovasculares.
Colesterol menor do que 200 mg % e HDL Colesterol maior do que 35 mg %.
Primeiro, deve verificar o LDL Colesterol e falar com o seu médico sobre qual a conduta a seguir. Segundo, controlar os outros fatores de risco e terceiro, aumentar a sua atividade física.
Colesterol entre 200 e 239 mg % e HDL Colesterol acima de 34 mg % e menos do que dois fatores de risco.
Essa situação pode duplicar as chances de ter doença cardiovascular. Os incluídos nesse grupo devem primeiro corrigir os outros fatores de risco; segundo, controlar o colesterol a cada dois anos e terceiro, basicamente, procurar modificar a sua dieta e aumentar sua atividade física. Nem todas as pessoas que têm esses níveis estão realmente ameaçadas de doença cardiovascular. Fale com o seu médico a respeito disso.
Colesterol total de 200 a 239 mg %, HDL Colesterol menor do que 35 mg % e mais do que dois fatores de risco.
Nesse caso a pessoa pode ter uma chance dobrada de doença cardiovascular assim como as pessoas com menos de 200 mg %. Deverá verificar o LDL Colesterol e falar com o seu médico, que o orientará sobre os controles e as medidas a seguir. Também deverá controlar os outros fatores de risco, corrigir a dieta e aumentar a atividade física.
Colesterol acima de 240 mg %.
O risco de doença cardiovascular é grande e maior ainda, se tiver outros fatores de risco. Deverá verificar o LDL Colesterol e mostrar ao seu médico que vai interpretar os exames. O seu médico irá orientá-lo para reduzir esse e os outros fatores de risco.
OS AMIGOS QUE O MANTÊM CONTROLADO
O mais importante é a alimentação, mas o exercício, deixar de fumar e manter o peso ideal também ajudam a controlar os níveis de colesterol. A alimentação adequada pode ser útil não só para prevenir o excesso de colesterol mas também para o reduzir em caso de valores considerados altos (neste caso, é aconselhável tentar reduzi-los durante 6 meses e, caso não se consigam bons resultados, voltar ao médico).
Contudo, quando os valores representarem perigo, é necessário baixá-lo através de medicamentos, de acordo com o critério do médico assistente.
Alimentação
Deve escolher, sobretudo, alimentos ricos em gorduras insaturadas e pobres em saturadas, trans e colesterol: é recomendável limitar a ingestão de gordura até 25-35% das calorias diárias totais, distribuídas desta forma: 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poli-insaturadas e 20% de gorduras monoinsaturadas.
Não lhe devem faltar ainda alimentos que contêm fibra vegetal e hidratos de carbono. Para além disso, é fundamental incluir na sua rotina alimentar alguns alimentos que contêm nutrientes específicos ou aditivos que variam os níveis de colesterol em seu benefício. Estes são os que lhe convêm:
Azeite virgem. O melhor é o que provém da primeira pressão a frio. Tem cerca de 80% de ácido oleico, um ómega-9 que baixa o colesterol LDL e aumenta o colesterol HDL, o mais recomendado. Também contém polifenóis, que evitam a oxidação do colesterol LDL.
Peixe azul. Os seus ácidos gordos ómega-3 reduzem o colesterol LDL que obstrui as artérias. Também diminuem o nível de triglicéridos (outras gorduras que circulam no sangue), aumentam a dilatação das artérias, previnem a trombose e colaboram na combustão dos lípidos. Ingira peixe azul três vezes por semana. Os peixes que mais ómega-3 contêm, por cada 100 g são: cavala (2,79 g); sardinha (2,27 g); salmão (1,85 g); arenque (1,83 g); anchova (1,47 g); e atum (1,22 g). Necessita de cerca de 2,5 g de ómega-3 por dia, por isso procure-o também noutros alimentos.
Nozes. O seu conteúdo em lecitina e ácidos gordos ómega-3 baixam o colesterol LDL. Também contêm fibra e fitoesteróis, que reduzem a absorção das gorduras (incluindo o colesterol) no intestino. Não as coma em demasia porque são muito calóricas e engordam: bastam 30-40 g por dia e sempre em substituição de outro alimento.
Alho. Aporta alicina e teróis, que reduzem o colesterol LDL e aumentam o HDL. Para além disso, normalizam os triglicéridos, aumentam a elasticidade arterial e evitam a formação de trombos. Ingira três dentes de alho cru por dia.
Lecitina de soja. É constituída por um grupo de fosfolípidos (gordura mais fósforo). Reduz o colesterol total, LDL e os triglicéridos, e aumenta a produção de HDL no fígado. Para além disso, ajuda a queimar gordura. Basta ingerir duas colheres de soja granulada por dia. Também a pode encontrar em suplementos à venda em farmácias e dietéticas.
Farelo de aveia. Contém betaglucano, uma fibra viscosa que cobre as paredes do intestino, o que reduz a absorção do colesterol e de outras gorduras saturadas e deita-as fora através das fezes. Também reduz a produção de colesterol mau por parte do fígado. Convém-lhe tomar 3 g diários.
Farelo de arroz. Contém uma grande quantidade de esteróis vegetais (1.325 mg por 100 g) que diminuem a absorção intestinal do colesterol. O seu efeito benéfico é obtido com 2 ou 3 g por dia.
Legumes, massas e cereais integrais. Proporcionam hidratos de carbono de absorção lenta e fibra insolúvel, que extraem do organismo parte das gorduras ingeridas. A fibra solúvel de legumes como o feijão branco capta especialmente o colesterol do intestino e elimina-o pelas fezes.
Hortaliças e frutas. Contêm fibra insolúvel, com efeito de arrasto, e solúvel, que absorve. De qualquer forma, acabam sempre por eliminar parte do colesterol. São, sobretudo, as verduras de folha, os citrinos e a maçã que contêm fibra solúvel. Para além disso, alcachofras, endívias, chicória, rabanetes e aipo têm um princípio amargo, a intibina, que ajuda a eliminar o colesterol.
Alimentos enriquecidos. Existem produtos no mercado que contêm esteróis vegetais, um ingrediente que reduz o colesterol até cerca de 10% e o LDL até cerca de 15% em duas semanas. Também reduzem o colestrol certas margarinas com fitoesteróis e leites com ómega-3.
Chocolate preto (o que tem, no mínimo, 70% de cacau e menos gordura). O cacau contém polifenóis que liquidificam o sangue, o que reduz a possibilidade de se formarem trombos. Antes de dormir, ingira 30 g.
Infusões e suplementos
O colesterol é uma das patologias em que a medicina natural é mais eficaz a tratar, chegando, em alguns estudos, a ter taxas de sucesso acima dos 90 por cento.
Experimente estas infusões: chá vermelho (uma chávena por dia depois do almoço) e alcachofra, boldo e fumária
(2 chávenas por dia preparadas com uma colher da mistura).
Em termos de suplementos alimentares, existem no mercado fórmulas que reduzem significativamente o colesterol.
Procure produtos que tenham na sua composição esteróis vegetais, polisacanol, arroz vermelho fermentado, niacina no flush, ómega-3 e alho.
Exercício
Tem também uma forte influência. Qualquer desporto aeróbio (andar, nadar, correr, andar de bicicleta ou dançar) ajuda a reduzir os níveis de colesterol LDL e aumenta o HDL.
Por isso, não hesite. Salte da sua cadeira e mexa-se! A sua saúde agradece.
OS INIMIGOS QUE O AUMENTAM
Os maiores culpados são os hábitos de vida pouco saudáveis, como o sedentarismo e o tabaco, mas sobretudo a obesidade e a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas.
Alimentação
Apesar das gorduras saturadas serem necessárias ao funcionamento do organismo, não deve exceder a dose diária recomendada pelos nutricionistas: 7% das gorduras totais da alimentação diária e 200 mg de colesterol. Este tipo de gordura é sólida à temperatura ambiente (excepto os óleos de palma, coco e palmiste) e aumenta o colesterol total.
Encontra-se nos seguintes alimentos, que deve evitar:
Lacticínios gordos. Quando escolher um lacticínio (leite, iogurtes e queijo) opte pelas variedades magras e pobres em gordura.
Pastelaria industrial. É elaborada com óleos de palma e coco, que são gorduras saturadas, e carecem de fibra alimentar.
Produtos provenientes da carne. Carnes vermelhas (vaca), porco, pele de aves, vísceras (fígado, rins...), enchidos provenientes do porco e elaborados com toucinho ou manteiga.
Ácidos gordos hidrogenados (também designados trans). Obtêm-se a partir de gorduras vegetais líquidas à temperatura ambiente que, depois de serem submetidas a um processo de hidrogenação, se tornam sólidas.
Atenção: as gorduras hidrogenadas são ainda mais perigosos do que as gorduras saturadas (estas não reduzem o colesterol HDL – “bom” - e as hidrogenadas sim), aumentam o colesterol LDL, os triglicéridos e um tipo de proteína que favorece a coagulação, aumentando o risco cardiovascular.
Sabe-se ainda que oxidam as membranas celulares, o que provoca a acumulação de gordura nas artérias. Estas gorduras estão presentes em óleos refinados a altas temperaturas (em pouca quantidade), em margarinas, folhados, bolachas e alimentos pré-cozinhados. Aparecem identificadas nos rótulos como “gorduras parcial ou totalmente hidrogenadas”.
Batatas fritas e pipocas industriais. A não ser que o pacote mencione que são feitas com azeite ou óleo de girassol, contêm ácidos gordos trans.
Tabaco
O tabaco também é responsável pelo aumento do colesterol: a nicotina e o monóxido de carbono da combustão do cigarro fazem subir o colesterol LDL e os triglicéridos no sangue, reduzem o HDL, predispõem a formação de trombos e tornam as artérias mais rígidas.
Obesidade
Hipertensão, diabetes e dislipemia (colesterol e triglicéridos altos) formam o que se chama de síndrome metabólica, que costuma surgir frequentemente em pessoas obesas ou com excesso de peso. Se tem alguns quilos a mais, provavelmente tem o colesterol alto.Todas estas patologias juntas são mais perigosas do que cada uma individualmente e podem ter graves consequências para o coração.
Sedentarismo
É um dos responsáveis pelo excesso de peso, já que se não se mexer queima poucas calorias. Também se provou que as pessoas que não fazem nenhum tipo de exercício têm o colesterol mais alto do que as que se exercitam, o sangue circula mais devagar e o coração não fortalece, o que supõe um aumento do risco cardiovascular.
in saúde.sapo.pt
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